quarta-feira, 13 de abril de 2011

Transito

Filho,
Seu Avô tinha uma loja de móveis numa avenida de grande movimento, e desde pequeno nós frequentávamos a loja ctodos os dias, para não dizer o dia inteiro fazendo arte. Pois logo que saíamos da escola nosso destino era ir para loja, no escritório no piso superior para fazer a lição de casa.
Terminado os execícios nós descíamos para a loja, foi ali que comecei a aprender essa arte da venda, não é fácil vender algo, mas ao mesmo tempo é muito gostoso poder servir a alguem, poder atender uma necessidade que o cliente procura.
Me sinto mal quando perco a venda por não conseguir atender a alguma necessidade de um cliente, mesmo que seja por alguma razão financeira.
Estou te falando isso porque nesse período, entre as inumeras lições de comercio, também recebi lições de vida, acho que foi a época que mais conviví com meu pai, essa convivência com ele me trouxe muitas lições de comércio, de lidar com bancos, com funcionários, com clientes e lições de cuidar da vida.
Um dia atravessando a avenida em que ficava a loja, extremamente movimentada; (pode ser que quando você tiver idade para entender o que eu escrevo aqui nem mais exista transito, hahaha, isso é um sonho louco!)
Voltando ao assunto, ao atravessar a rua o motorista de um fusca não viu que o carro a frente diminuia a velocidade e bateu na trazeira, bem na minha frente, sei que isso é forte, mas eu fiquei chocado com os dentes do cara espalhados pelo capô, naquela época não existia esses tratamentos de dentes implantados. O cara teria que usar dentadura! E olha que era um rapaz jovem ainda.
Tudo pela falta do cinto de segurança, nessa época só alguns carros mais novos tinham cinto, e ninguem usava, nem nas estradas era obrigatório o uso, a lei de obrigatoriedade de uso só veio a acontecer em 1997 acredita? (lei 9.503 de 1997) é muito nova essa lei, porisso para algumas pessoas é dificil de cumprir.
Eu era rapaz novo ainda, e meus primos riam de mim por sempre acoplar o cinto ao entrar no carro.
Naquela época de boyzinho e a moçadinha pegava pesado, riam bastante, mas nunca esquecí a cena dos dentes sobre o capô, em caso de batida, na melhor das hipóteses perder os dentes... imagina o que pode vir a mais?
Nunca fui esse excesso de prudência no transito, mas sempre tive conciência do que estava fazendo, participei de algumas provas de velocidade, correndo de Kart muitos anos, de rally de velocidade com carros, caminhonetes e várias trilhas de jipe, considero que tenho uma boa habilidade com motores, fiz minhas estripulias que todo rapaz faz, não vou enumerar aqui senão vc vai querer que eu te ensine qualquer dia, não me importo em te ensinar, mas te incentivar a isso jamais!
Acho que estou te contando tudo isso porque hoje aconteceu um fato interessante, quando estava indo buscar sua mãe para leva-la a sessão de massagem, ao chegar a praça perto do trabalho dela vi um cara num carro ao lado, dirigindo de forma muito estranha, estava dando totó (batendo de leve na trazeira de outro) e tentei me afastar dele de todas as formas, quando achei que tinha me afastado o suficiente, e paro na faixa de pedestres e uma senhora com duas crianças atravessarem, ele bate na trazeira com tanta força que a moça que estava com ele no carro quebra o parabrisas com a cabeça e joga meu carro uns 5 metros pra frente, mesmo frenado. Sorte sua mãe ainda não estar comigo no carro.
Além de estarem sem cinto de segurança, o motorista não tinha habilitação e estava completamente bêbado!
Numa plena quarta feira, ás 15hs com o sol de rachar, e o cara bêbado.
Hoje as leis no Brasil já são pesadas para quem dirige bebado, imagino como será na sua época.
Confesso que eu também ja dirigi depois de ter tomado algumas cervejinhas, mas nunca no estado de embriaguês como esse senhor se encontrava. Tanto que estava pensando seriamente em deixa-lo ir embora, até que uma testemunha me lembrou quem estava atravesando a faixa de pedestres naquele momento, se não fosse meu carro seria a senhora com as duas crianças.
Ele era uma arma no transito daquela maneira.
Na ocasião que o policial perguntou ao mesmo se tinha ingerido bebida alcólica o mesmo respondeu, "-Bebi sim, só não to bebendo agora porque acabou!"
Pode ser que eu não tenha de volta o prejuizo financeiro com a batida, mas pelo menos hoje esse cara não dirige mais, não sei amanhã... mas hoje ele foi preso.
A Sua Chegada me faz refletir sobre um monte de coisa, a responsabilidade que nós temos com o que é certo. Porque deixar ir embora um possível assassino ao volante?
Que Deus Olhe por essa pessoa.